Designer. A universidade prepara para o mercado de trabalho?

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Quatro anos e meio de faculdade, centenas de desenhos feitos, dezenas de livros lidos, e finalmente você vai trabalhar… E percebe que muito que aprendeu não vale nada no mercado de trabalho.

O Mundo Acadêmico

Na Universidade, na maioria das vezes os alunos são ensinados em situações ideais, com tempo suficiente para desenvolver metodologias, gerar todas as alternativas que forem necessárias, e nunca precisam ouvir o cliente pedindo alterações, ou atrasando os pagamentos.

Em algumas Universidades, a discrepância entre o que é ensinado e o mercado de trabalho é ainda maior, pois a abordagem técnica do conteúdo é muito baixa, se restringindo apenas a livros e artigos.

Embora o mundo acadêmico possibilite grande conhecimento teórico, ficar restrito apenas aquilo que se aprende dentro dos muros de uma Universidade pode ser um grande empecilho na hora de entrar no mercado de trabalho.

O mercado de trabalho

As principais diferenças entre o mercado de trabalho e a Academia são o tempo para realização de cada projeto e as alterações. O tempo disponível cai bastante dentro de uma escritório, então prepara-se, se você acha que tem pouco tempo para fazer seus trabalhos na faculdade, provavelmente terá menos ainda quando for trabalhar.

Em decorrência do tempo reduzido, muitas etapas do desenvolvimento tem de ser reduzidas. Pesquisar prévias, por exemplo, não podem consumir muito tempo (e há quem nem pesquisa prévia faça), e a própria geração de alternativas deve ser otimizada de alguma forma, ou seja, devesse  tentar gerar o máximo de alternativas possíveis em um tempo menor que o disponível em sala de aula. Uma prática nada fácil no começo.

O Cliente

O cliente vai ser sua fonte de renda e também uma de suas dores de cabeça. Pérolas de clientes, como fazer uma “logomarca por 50 pila” são comuns, e nenhuma Universidade vai lhe ensinar a trabalhar com isso.

Como designer, tão importante como saber projetar e ser criativo, é saber negociar com seus clientes. Saber justificar suas escolhas, e acima de tudo, vender seu trabalho, são coisas que só se aprender na prática, e são tão importantes quanto as teorias que aprendemos durante os anos de estudo teórico.

Nunca esqueça que as decisões de seus clientes, e também as exigências que eles nos impõem, não vem apenas do gosto pessoal deles, mas principalmente de fatores econômicos. Goste você ou não, no mercado tudo gira em torno do dinheiro, e seu cliente, assim como qualquer pessoa, tem um valor que pode gastar, e esse valor, mais que qualquer outro fator, vai ser o maior limitante de sua criatividade.

Gerindo seu próprio negócio

Alguns cursos de design oferecem disciplinas de gestão, mas a maioria sequer comenta sobre o assunto. Se você é o tipo de profissional que deseja apenas trabalhar em um escritório, isso pode não ser tão essencial (embora muitos escritórios exijam que seus designers atuem em diversas áreas, e não apenas na criação), mas se você deseja trabalhar como freelancer, ou abrir uma empresa própria, vai perceber que se trabalha muito mais vendendo e administrando seu negócio do que projetando.

Saber vender seu negócio, tratar de questões burocráticas e gerenciar o próprio fluxo de trabalho é uma tarefa que dificilmente se aprende em um curso de design. No entanto, isso é tão importante quanto saber criar e ser criativo.

Em escritórios de design de médio e grande porte, é muito comum que os donos se envolvam praticamente só na parte administrativa e nas vendas dos serviços oferecidos, deixando o desenvolvimento dos projetos para os demais funcionários. É o preço que se paga por ter uma empresa própria, mas isso já é assunto para outro post.

O que fazer então?

A melhor forma de se preparar para o mercado, é atuando nele. Como fazer isso durante a faculdade? Estágio. Praticamente qualquer curso hoje em dia tem estágio obrigatório no final da graduação, mas se não quer esperar até o ultimo semestre para conhecer o mercado, procure fazer um estágio durante sua formação.

É provável que estagiando e tendo aulas no ritmo da faculdade você não consiga trabalhar muitas horas semanais, mas procure escritórios em sua cidade e fale sobre sua vontade de conhecer o mercado e se preparar, qualquer empresa valoriza profissionais que buscam esse tipo de aperfeiçoamento (acredite, falo por experiência própria).

A grande vantagem de estudar e trabalhar na área de forma paralela é que você tem seus professores à sua disposição para tirar dúvidas que surjam no trabalho, e pode dar mais ênfase naquilo que realmente é aplicado no dia-a-dia.

Mas lembre-se que como estagiário, dificilmente você ira trabalhar com etapas importantes do trabalho, como reuniões com os clientes. Estagiários geralmente trabalham em etapas mais simples, e ajudam em etapas complexas, como geração de alternativas. Não se ofenda se lhe mandarem servir café, isso não significa que seu trabalho é ruim, apenas que você ainda não tem tempo de trabalho suficiente para desempenhar papeis mais importantes e que exigem uma responsabilidade muito maior na empresa. Aprenda tudo aquilo que puder durante um estágio, e tente atuar em diversas áreas da empresa, mesmo aquelas que não tem nada relacionado a parte criativa, como contato com gráficas e pedidos de orçamento, afinal, situações assim serão comuns durante toda a sua vida, e atuar é a melhor maneira de se preparar.

Faculdade para quê, então?

Talvez você esteja se perguntando agora, então por que vou fazer faculdade? Basta ler alguns livros e conseguir um estágio, e pronto, sou designer.

Não, não é assim. Embora a faculdade falhe em diversos aspectos na preparação para a vida profissional, ela garante a preparação teórica. Pode parecer uma contradição falar da importância da teoria do design neste texto, mas é necessário conhecer e dominar os dois aspectos da profissão, teoria e prática. Isso não vale apenas no design, mas em qualquer área.

Obs.: esse texto é originário do blog http://design.blog.br e foi escrito por Robson Godoy em 27 de junho de 2012. Leia o texto no Design.Blog

 

 

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