Bolsa-Esperança

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Criança abandonada, analfabeta, subnutrida + contribuição do governo = problema resolvido? Alguns, com certeza, diriam que sim, outros, mais conscientes, têm percepção totalitária que não. É nesse dilema que nos encontramos em concernência aos projetos elaborados pelo governo, em questão o Bolsa-Escola, que vem sendo avaliado nos últimos dias pela sociedade e pelos meios de comunicação de massa.
No sucessão dos vários governos federal e estadual, presenciamos uma intencionalidade fajuta para solucionar os graves problemas do povo brasileiro, dentre eles, a base, no que é respectivo à educação. Acumulam-se, nas tentativas, quantidades exorbitantes de intentos em equitar as lacunas presentes no processo educacional. Contudo, todos falíveis, ocos, bonitos no papel, mas ineficazes no quesito execução. Como causa dessa lacuna no sistema de conhecimento, percebemos que houve uma preocupação pelo desenvolvimento do capital, no passado, que de forma desordenada propiciou a quase impossibilidade de nivelarmos as crianças e adolescentes ao estágio da intelectualidade, sem que necessariamente compusessem a elite do país. Vêem-se conceitos semi-alfabetizados por parte do executivo Federal, quando afirma ser um sonho possível fazer as pessoas aprenderem a ler e a escrever a partir da musiquinha irritante : “pra aprender a ler, pra isso não tem hora, pode ser de noite , pode ser de dia, pode ser agora “… contudo, sabemos que há hora sim e no nosso caso já se faz ultrapassada, pois somos um país constituído por quase 25 milhões de analfabetos e semi-alfabetizados (expressão eufemista, quando o correto seria semi-analfabetos) para que encarássemos melhor as nossas realidades. Quanto ao horário, podemos fazê-lo de noite ou de dia, desde que existam salas apropriadas para receber os alunos, fato não ocorrido ao sabermos que nas salas de aula faltam os materiais elementares ou tentam justificar a vontade em aprender, quando crianças são alfabetizadas sob pés de umbuzeiro nas regiões do Nordeste. Assim, averigúa-se uma preocupação paradoxal, pois na prática a reprovação de alunos é inadmissível: tem-se que aproveitar o pseudo-rendimento do alunado não pela competência, entretanto pela minimização das médias, pelas recuperações, seguidas de cirurgias e operações e pós operatório das provas, para fazer com que diminuam os índices de ignorância no país perante organismos internacionais. Desta forma, não discernimos o que é sonho ou real e torna-se questionável qual é a qualidade do ensino no Brasil?
Na sequência, portanto, como suposto para estreitar a dificuldade das crianças em relação ao itinerário escolar, cria-se o Bolsa-Escola, que sequer o governo Federal consegue controlar, como visto nas reportagens dos grandes jornais do país ou em exibição em rede nacional pelos programas na Rede Globo. Chega a ser débil a falta de controle perante a inoperância do sistema, que deveria ser responsável pela solubilidade do problema, evidenciando o triste conceito entre o que se posiciona como intenção e gesto. Sim, necessitamos de gestos, concretos, para que este auxílio, mesmo retardando outras prioridades, seja destinado às famílias que realmente necessitam, posto que em muitas cidades, as pessoas carentes, miseráveis de estruturas sociais, precisam dele, na verdade, não para comprar lápis, caderno, material de trabalho para a centralização da plataforma do conhecer, mas para alimentar-se já que os conceitos estão muito conturbados no Brasil: criança só vai á escola se houver lanche, merenda, sobrepujando a prioridade de comida, na escola, à de conhecimento, de informação. O fato é tão absurdo, por conta desta nossa miséria disfarçada em tons verde e amarelo, que em plena UFS, há uns 4 anos, discutia-se se uma verba seria destinada à reforma da biblioteca ou do restaurante. Pasmem! A maioria escolheu a reforma do restaurante, mesmo os alunos sendo sabedores da situação de sucata pela qual passa a biblioteca, com livros compostos por informações defasadas e edições ultrapassadas, o que demonstra as nossas verdadeiras, porém formadoras de consequências desastrosas, prioridades. Escola não é restaurante! Claro, que podemos até apoiar, facilitar, mas não induzir a criança a comparecer nela em decorrência do mingau das dez. É pobreza demais. Que encha o estômago sim, mas que se desperte nela a fome de conhecimento, do conhecer.
Com toda essa problemática, enxergamos, neste governo, um ponto positivo: o Ministro da Educação assume a incapacidade de o governo controlar a distribuição da bolsa-escola, que designa milhões de reais, mensalmente, sem saber a quem os oferta. É como se estivéssemos dando comida a quem já se alimentou. Tem realmente algo errado. Só esperamos, assim, que o assumir de culpa do Governo Federal não seja uma estratégia inteligente para acalmar a sociedade perante tal absurdo e que a partir desta estrondosa falha, torne exequível a interatividade com o saber para que as pessoas não só leiam e escrevam, no entanto avancem e compreendam, desenvolvam a capacidade crítica, óbice maior da verdadeira educação, seguida da edificação de novos postos de emprego no intuito de os pais não precisarem de bolsa-gás, bolsa-alimentação, e os filhos cresçam com dignidade familiar para que, sem prepotência, não necessitem de bolsa-escola. Acabemos com esses remendos.

 

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