Espelho, espelho meu…

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Valores considerados capitais no Renascimento, através da perfeição dos corpos como o de Davi de Michelângelo, tanto quanto no Egito, com a criação das perucas, dos cosméticos e do culto à beleza assertivado por Cleópatra, intuindo o retardamento da velhice, a estética desponta como um dos elementos imprescindíveis nessa era. No decorrer da existência humana, a todo custo, procuramos e por fim entendemos que a quantidade de rugas, necessariamente, não estereotipa as nossas experiências de vida. Assim, com o desenvolvimento das empresas de cosméticos e das técnicas de antienvelhecimento, é perceptível a quantidade, a cada dia mais acentuada, de pessoas que negam as primaveras vividas.
Em busca do corpo perfeito, da face simétrica, de traços cada dia mais delicados, as pessoas submetem-se aos mais diversos tratamentos de beleza, implantando silicones, aplicando botox, paralisando as marcas de expressão das faces, predispondo-se às cirurgias plásticas: todos esses artifícios em nome de uma melhor perspectiva para olhar-se no espelho, aceitando-se da melhor maneira possível. Tal conclusão é comprovada pela terapeuta Glória Ribeiro e a cirurgiã plástica Telma Matos. Mesmo com tantos adeptos rumo à perfeição, há uma parcela da sociedade, que de maneira conservadora, insiste em dizer que esse comportamento perfaz um contexto baseado na futilidade de pessoas que posicionam a aparência de forma importante que a essência. Entretanto, não é direito de todos, se insatisfeitos com os detalhes do corpo, poder mobilizá-los, para aceitar-se de maneira mais ampla? Lembremo-nos do conto no qual a bruxa má, porém bela, posicionava-se frente ao espelho e com tamanha satisfação questionava ao mesmo: “espelho, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? “. Claro, que em meio aos avanços de valores, víamos naquela criatura o egocentrismo da mais alta periculosidade, o que nos leva a crer, que todo forma de exagero não é um fator positivo. Porém, não é mais inteligente averiguarmos, que o ocorrido neste momento caracteriza-se como a democratização do belo? Exatamente. Houve uma transformação muito grande e assim percebemos que jovens e os representantes da meia idade ou de idade secular, risos, galgam positivamente a eterna juventude, e por fim, a inversão de conceitos centra-se, ao passo em que a maioria lapida-se por fora para tornar-se mais regozijada por dentro. Que mal, então, existe? Até esse nenhum. Contudo, uma outra parte, insipiente para lidar com as próprias transformações, tende a exagerar na busca da imagem, esquecendo-se que, mesmo analisado como uma nova forma positiva, há outros valores que não podem ser ignorados ante ao fato de as pessoas possuírem seios calibrados, bumbum recauchutado, pernas torneadas, abdômen de tanquinho ou algo do gênero. Afinal, não somos cabides para sustentar adereços como o fazem as modelos, no que diz respeito à ditadura da moda. Por que, agora, toda garota quer ser esquelética como Gisele ou turbinada como as Sheilas? Essas mulheres biônicas, leia-se, mulheres-maravilhas, primas de She-ra, irmãs de He-Man, causam um efeito contrário, pois despertam o imaginário das pessoas, no desejo de tê-las, de dominá-las, como se fossem troféus, mas, com certeza, para os homens comuns, cria-se um desejo de impotência pelo simples fato de serem meros mortais perante criaturas superiores. É neste ponto que se faz mister a análise, posto que na busca incessante pelo desenvolvimento do corpos esculturais, jovens acabam desejando uma mutação imediata com a utilização de anabolizantes no intuito de resultados quase que imediatos. Profissionais da área de musculação, a exemplo o Professor Domingos Santana e Aragão, ”personal” da atriz Sônia Braga, explicam que a ignorância e a falta de controle prejudicam a utilização dos mesmos. Esses, compostos por testosterona, hormônio masculino, são usados em tratamentos , principalmente, para pessoa com dificuldade em obter peso ou em outros direcionados à atrofia muscular, vendem-se em farmácias e, portanto, devem ser controlados por parte do governo, das secretarias de saúde, presenciada a facilidade de adquirí-los. O uso indiscriminado só demonstra falta de informação e uma vaidade extremada, consequência dessa visão deturpada da conquista pela beleza instantânea.
Entretanto, para toda ação designa-se uma reação: nas mulheres, os anabolizantes fazem desenvolver pêlos na face, mudanças na voz, minimização dos seios, enquanto nos homens acentuam-se a impotência, diminuição de testículos, aumento das mamas, calvície e problemas nos rins e fígado. Assim, averigúa-se que as consequências são absolutamente nocivas e precisam ser deblateradas para que outros jovens , nessa busca desenfreada, não corram o risco de perder a vida como nos últimos ocorridos noticiados pelos meios de comunicação de massa, a exemplo o lutador de Jiu-jitsu, caso mais recente no Rio de Janeiro. É necessário erigir uma preocupação dos poderes públicos no tocante à informação para que a vida não se sucumba pela manutenção do extremado Narcisismo, fazendo-se valer “mente sã em corpo são”.

 

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