Em uma série de reportagens que veicula no programa dominical Fantástico, uma das apresentadoras pesquisa quais são os tipos de comportamento que caracterizam o universo dos pré-adolescentes e adolescentes neste momento. Parecem estar se tornando triviais, efêmeros, os novos modelos de paquera e relações afetivo-amorosas que fazem valer o lado emocional desses jovens. É notório que tendências a compromissos mais duradouros cedem lugar a formas relâmpago de contatos , codinominados de “ficar”. De um ponto de vista mais aberto, mais zen e menos responsável, achamos até engraçadinhas as descobertas do mundo da garotada deste maneira. Entretanto, é questionável, se por temor de fincar compromissos, trocar satisfações, não estão optando por situações mais frívolas de contatos. Quando o assunto é posto em pauta com os próprios, muitos percebem que o ato de “ficar” é parte de uma reprodução de atitudes que derivam de uma reação em cadeia no intuito de tentar suprir a ausência de qualidade nas pessoas pela quantidade delas que se pode obter. É como se estivessem colecionando figurinhas, tanto quanto aquela propaganda veiculada pela coca-cola, quando a garota, com cara de inocente, romântica, pede a latinha ao ficante e ele, achando que se converteria em uma lembrança, cede sem perceber que seria parte de uma coleção de garrafas, entendam de garotos, os quais a menina já havia traçado. Isso mesmo, traçado. De uma maneira que independe do gênero, garotos e garotas se catalogam, como peças perfeitas, desprovidas de defeitos de fabricação, explicitando a necessidade de auto-afirmação.
Esse fator acontece, as pessoas são envaidecidas pelo poder de seduzir outrem, mas esquecem que cem ficadas podem não corresponder a uma, quando a pessoa desejada supre os nossos mais importantes anseios de encontro, de interação, de reciprocidade. Não é isto, que no fundo buscamos na pessoa desejada, reciprocidade? Soa tão bem a palavra, que aquela música cujo refrão é gasto: “já beijei um, já beijei dois, já beijei três”, torna-se superficial e pertinente a adolescentes que, literalmente, comportam-se como se estivessem no cio. Daí, não podemos pô-los como protótipos positivos. Chegamos a esse ponto, de evolução, para não nos subjugarmos aos nossos instintos, somente. Evoluímos para lapidar as nossas formas de sensibilidade, ter conceito profundo de como é bom beijar a boca desejada, apalpar a pele daquela que nos dar apetite. Exatamente, apetite sexual, por que não, desde que dotado de especiarias no tocante à sensibilidade humana. Como pode um garoto de 15, 16 anos, beijar 10 bocas em uma noite sem perguntar, sequer, o nome da pessoa caçada?
É desse conceito, baseado na inversão de valores, que movimentos como o swing ganham força nas páginas da internet, no qual casais de várias partes do país, frise-se marido e esposa, chefes de família, pessoas de nível intelectual elevado, encontram-se para fazer orgias, cujos atos centram-se em um casal presenciar a esposa ou o inverso, mãe ou pai dos filhos, sendo tocada, usada, usufruída, bulinada, mesmo que com permissão, por outros indivíduos, absolutamente estranhos, em nome do prazer. Do prazer ou exacerbo dele? Do prazer ou da falta de senso no que diz respeito a ele? Claro, que vivemos em um contexto onde as pessoas podem externar as vontades delas. Contudo, o livre arbítrio consiste no uso do mesmo, desde que a pessoa seja capacitada para usá-lo de forma equilibrada. Quais são os valores que um pai, mãe, podem passar aos filhos quando agem dessa maneira? Praticar algo e ensinar o contrário ou liberar o filho, a filha para fazerem swing, também, no próprio quarto com os amigos da vez? É patenteado o acordo de que estamos confundindo o que, de maneira sensata, significa liberdade, sem termos a menor pretensão de codificar regras de verdade absoluta. No entanto, que esses fatores sirvam de reflexão para que nós não deturpemos o que significa acompanhar as novas transformações. É desse contexto de liberdade extravasada, que ainda vemos o pseudo-exercício sexual sendo praticada na Europa, com intensidade, por grupos que se intitulam de “barebacking”, o que na tradução seria cavalgada sem sela. Nessa modalidade de sexo, grupos se encontram, totalizando 300 pessoas e em um espaço fechado, regado a bebida e ausência de preservativos, todos transam em busca de uma emoção: correr o risco de contrair o vírus HIV através de portadores do mesmo, que são infiltrados sem que os participantes desta nova modalidade de swing consigam detectá-los.
Vejamos, portanto, que a análise erige-se de maneira analítica, e não com o intuito de preconceito. Mas, depois desta informação, temos ou não que reavaliar as tendências sociais, já que estamos inseridos nela? Acerca desse, alguns psicólogos analisam que os praticantes podem ser caracterizados como pessoas com propensão a um inusitado tipo de suicídio. Assim, os critérios de liberdade mal utilizada, anexados às nossas necessidades, fazem desmerecer refrões que sonoros criam modismos baseados na primitividade humana quando afirmam “eu sou de todo mundo e todo mundo é de ninguém”, segundo os Tribalistas, ratificando outros paradigmas para que possamos encontrar outras pessoas e ficar com as mesmas para criar um estabelecimento de relações baseadas na amizade, na troca, no conhecer o outro para poder conhecer-se, ignorando o que se posiciona como descartável, cabendo aos meios de comunicação discutir o assunto e começar a posicionar-se de uma forma mais educativa para essa geração sem referencial, pois sentimentos, sensações e carícias humanos não podem ser tratados de maneira desmerecida como quinquilharia encontrada na lixeira da terra-dura.