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Bom, dando continuidade à nossa coluna, hoje nós viajaremos até o continente africano. Mas você deve estar se perguntando se existe algum país com atrativos parafi intercâmbio na África. Sim! É por isso que resolvi trazer um pouco mais de informações sobre a África do Sul, um dos países mais procurados por estudantes de intercâmbio nos últimos anos.

A ÁFRICA DO SUL

Falar na África do Sul, como também do continente africano, é sempre diferente. Não falo isso por distinguir tal país ou tal continente dos demais, mas por ser uma região em que a maioria das pessoas desconhece características importantes (e que merecem vir à tona) e que, a partir daí, levam-se por falsas aparências ou por sensos comuns que rondam o conhecimento social a respeito de tal país, de tal continente.

A República da África do Sul, como é oficialmente chamada, é uma nação do continente africano, região que sofreu há muitos anos, mas que, apesar de ainda sofrer com diversos aspectos sociais e econômicos, assim como políticos nos últimos meses, realizou grandes mudanças em seus panoramas, comparando-os com os de antigamente.

Por influência da forte colonização e exploração que sofreu em séculos passados, são reconhecidas na África do Sul 11 línguas oficiais, sendo que duas se sobressaem: o inglês, idioma mais falado entre a população, e o africâner, derivado do holandês. Por falar em influências, a África do Sul é um berço relevante de grandes povos, sendo um país rico etnicamente: encontram-se no país comunidades formadas por povos europeus e indianos, sendo que quase 80% da população é negra.

A África do Sul é um país interessantíssimo. Além de ser formado pelos mais variados grupos étnicos, o país tem mais um aspecto curioso: a capital. Ou melhor, as capitais. A República da África do Sul possui três capitais oficiais, uma para cada poder: a Cidade do Cabo é a capital legislativa, Pretória é a capital executiva e Bloemfontein, a judiciária. Apesar de capitais, tais cidades não é a mais populosa do país. Tal título fica com a cidade de Joanesburgo, com mais de 5 milhões de habitantes. Joanesburgo, apesar de ser uma das maiores cidades da África do Sul, como também do continente (é a 5ª maior cidade), não tem no turismo seu principal destaque econômico. A cidade é importante fonte de chegada de voos com escala para as outras cidades, principalmente as capitais. Uma curiosidade é que a cidade tem uma grande semelhança com o Brasil: a paixão pelo futebol, que, aliás, abrigou-se em dois estádios para a Copa do Mundo de 2010.

A África do Sul tornou-se definitivamente uma república em 1961. Antes, passou por algumas formas de governo e, mais atrás, foi colônia do Reino Unido. O sistema governamental atual do país é a república parlamentarista. No quesito social, a África do Sul possui índices baixos, mas que superam em muitos outros países do continente ao qual pertence. O IDH é considerado médio (110º do mundo), a esperança de vida não chega aos 50 anos e a mortalidade infantil dá ao país a posição 130 no ranking de países com as melhores taxas de mortalidade: são quase 45 mortes em 1.000 nascimentos na África do Sul. A moeda utilizada no país é o Rand.

Quando se fala em África do Sul não tem como não remeter ao episódio lamentável vivido por aquela sociedade: o apartheid. Implantado e mantido mesmo com várias oposições, a África do Sul sustentou por muitos anos o regime de segregação racial, dividindo sua sociedade em brancos, negros e colorados.

O país chegou a sofrer fortes boicotes econômicos por parte de nações ocidentais para que o apartheid fosse “sufocado” e, assim, o governo voltasse atrás quanto a manutenção desse regime. Daí, lutando contra esse sistema surge a figura lendária de Nelson Mandela, que foi preso na época, mas libertado posteriormente e se tornando um grande presidente da nação.

Com relação à economia, a África do Sul possui índices interessantes, apesar de estarem limitados a apenas quatro áreas: Cidade do Cabo, Pretória/Joanesburgo, Durban e Port Elizabeth. O país possui o 25ª melhor PIB do mundo (Censo de 2010), mas como afirmei anteriormente, ocorre uma grande concentração nas quatro áreas citadas. Fora das mesmas encontra-se grande contingente de pobreza. Porém, algumas áreas fora das citadas vêm mostrando grande evolução em aspectos econômicos, como Bloenfontein. As taxas de desemprego são altas e os índices de desigualdade comparam-se com os que vemos aqui no Brasil – para se ter uma noção, em uma pesquisa feita pela Statistics South Africa, em 1995 uma família de classe média branca ganhava quatro vezes mais que uma família classe média negra. Na agricultura, o milho, a cana-de- açúcar, a uva e a laranja são os principais produtos cultivados. Na pecuária, ovinos, caprinos, aves e bovinos são os principais produtos.

O SISTEMA EDUCACIONAL

Relativo ao sistema de educação desenvolvido na África do Sul, o país é o segundo melhor no continente, perdendo apenas para a Líbia.

Apesar de hoje não estar mais vigente no país a política do apartheid, acredito que ainda há resquícios do mesmo no país, como por exemplo os fundamentos da lei vigorante que afirma que o ensino é obrigatório, porém em períodos diferentes para a etnia: no caso dos brancos, mestiços e asiáticos a educação é obrigatória na faixa etária dos 7 aos 16 anos; aos negros, a ida à escola é obrigatória apenas por quatro anos (dos 7 aos 11 anos). Apesar de, a partir de 1991, as escolas terem sido obrigadas a aceitar todas as raças, a lei ainda se faz presente com certos resquícios da política segregacionista.

A África do Sul é gratificada no ramo da educação com 23 instituições de ensino superior, sendo que Universidade da Cidade do Cabo é uma das mais importantes. Além dela, existem ainda outras universidades no país, como em Bloenfontein, outra instituição na Cidade do Cabo, em Durban e Joanesburgo. Confira a figura 2 que exibe a belíssima Universidade da Cidade do Cabo.

O INTERCÂMBIO

Por mais que muitos custem a acreditar, a África do Sul vem sendo uma das opções mais desejadas para estudar idiomas por estudantes estrangeiros. O país é listado, atualmente, como um dos cinco mais requisitados para cursos de intercâmbio, figurando entre Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Alemanha.

Mas qual seriam os atrativos que a África do Sul oferece aos estudantes e que vêm despontando o interesse de muitas pessoas? Bom, pelas minhas pesquisas eu posso afirmar que dois fatores são muito decisivos para um estudante escolher o país como sede de seus estudos: a desvalorização da moeda com relação ao nosso Real e o custo de vida ser bastante barato, principalmente quando comparado com as nações europeias e os Estados Unidos.

A maioria das escolas de idiomas na África do Sul está situada na Cidade do Cabo. Com relação à viagem a estudos para a África do Sul, o consulado do país informa que os brasileiros necessitam de visto para realizar atividades lá. Porém, estudantes que foram recentemente ao país informaram que os brasileiros estão isentos do visto por 90 dias.

Como venho explanando nos últimos artigos desta coluna, os cursos de idioma são divididos em vários pacotes, no qual o aluno é quem escolhe como e qual curso deseja fazer. O pacote mais procurado é o curso intensivo, formado por 32 aulas semanais e duração de 2 a 52 semanas. Segundo as empresas especializadas, tal curso intensivo é direcionado para os estudantes que desejam aprender o idioma de maneira mais rápida. Já o curso geral é formado por 26 aulas por semana, direcionado para aqueles que desejam o aprendizado oral do idioma.

Existem, ainda, pacotes que contemplam a preparação do aluno para vários exames, como o DELE (do qual já abordamos aqui). A Education First, empresa especializada em intercâmbios, vai mais além e oferece aos estudantes preparação até para os exames da Universidade de Cambridge.

Como vimos na matéria da Espanha, com o visto de estudante não há como o aluno trabalhar no país em que está estudando um idioma. Na África do Sul também não é diferente. O estudante só pode trabalhar caso esteja matriculado em uma instituição de ensino superior. Alunos de ensino médio e/ou estudantes de idiomas não podem realizar trabalhos no país. Mas, para aqueles que desejam mesmo assim trabalhar, existe a opção dos trabalhos voluntários, que não há nenhum tipo de pagamento em dinheiro. “Para participar, é necessário ter no mínimo 18 anos (…) e possuir inglês a partir do nível intermediário. No programa está incluso auxílio na procura de uma vaga e documentação necessária para a obtenção do visto”, como informa matéria no site UOL.

Assim como na Argentina, as universidades sul-africanas não oferecem nenhum sistema de residência dentro da instituição. Para isso, os intercambistas podem optar por acomodação em uma residência de família ou em residências oferecidas pela própria escola. Esta última opção, o estudante desembolsa US$ 45 (quase R$ 92) semanais com apartamento de dois quartos, cozinha completa, espaço de estudos e até um deck com churrasqueira.

E quanto um estudante que deseja fazer intercâmbio vai pagar pelo curso? Bom, como já falei em outros artigos desta coluna, tudo depende de qual curso você escolheu e de quanto tempo irá passar naquele país. No caso da África do Sul, é válido relembrar, existem valores bem menores que aqueles que o estudante teria de desembolsar indo para países típicos do programa de intercâmbio, como os Estados Unidos. Deve-se levar em conta também que o gasto não será apenas com a matrícula na escola ou a hospedagem: existem ainda as passagens aéreas, os gastos diários e o “caixa” (digamos assim) que se deve ter para eventuais gastos.

A média de valor das passagens aéreas (ida e volta) do Brasil à África do Sul está em R$ 4.070,00 (US$ 2.000). Um curso intensivo de Inglês no país sai por US$ 1.210 (valor bruto para duas semanas de curso) – o equivalente a R$ 2.462,00. Caso o estudante opte por uma casa de família, o valor pode cair bruscamente e ser uma opção mais cabível para aqueles que querem pagar menos: o estudante pode desembolsar cerca de US$ 1.600 (pouco mais que R$ 3 mil), com direito à meia pensão (café da manhã e jantar), quarto individual, além da própria hospedagem em uma casa de família.

O curso geral, em média, sai mais barato que o intensivo. Os preços começam cerca de US$ 1.090 (R$ 2.218,40) e podem chegar aos 11.720 dólares. A variação de preço ocorre devido ao tempo em que o estudante se propõe a ficar no país.

Bom, a África do Sul é um país deslumbrante e que tem muito a oferecer, seja para quem o escolhe a fim de estudar, seja para quem vai apenas para conhecê-lo turisticamente. Além das ótimas vantagens que o país propõe aos estudantes (principalmente relacionado aos custos), a África do Sul é o melhor país do continente africano e conta com belos locais para serem descobertos e conhecidos, com paisagens exuberantes e que encantam os olhos de quem as vê. Quem sabe eu te ajudei a optar pela África do Sul para sua próxima viagem? Espero que as informações tenham sido bastante aproveitadas.

Obrigado a todos que estão acompanhando a coluna e aguardo vocês nas próximas matérias. Até lá!

Figura 1  – Cidade do Cabo, capital legislativa da África do Sul, encanta aos olhos dos visitantes. (Disponível em: http://www.driveafrica.co.za/images/content/images/Cape%20Town%20Car%20Hire.jpg)

Figura 2 – Universidade da Cidade do Cabo, uma das maiores e mais importantes instituições de ensino superior da África do Sul. (Disponível em: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/07/ UCT_Upper_Campus_landscape_view.jpg/800px-UCT_Upper_Campus_landscape_view.jpg)

Figura 3 – Estudantes em intercâmbio na África do Sul, mais especificamente na Cidade do Cabo. (Disponível em: http://www.moinhotur.com.br/blog/wp-content/uploads/2011/11/afds2-560×420.jpg)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://educacao.uol.com.br/intercambio/africadosul.jhtm

http://www.ci.com.br/estudar-no-exterior/cursos-de-idiomas.ec/sedes.cidade-do-cabo

http://www.ef.com.br/ils/destinations/south-africa/cape-town/

http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul