Dois Brasis

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Em um mesmo território, “dois Brasis” distintos. Um de riquezas concentradas nas regiões Sul e Sudeste. Outro, de pobreza distribuída principalmente entre o Norte e o Nordeste.

Editorial

Pesquisa divulgada esta semana sobre o desempenho industrial do País no mês de janeiro, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz à tona, neste começo de milênio, antigo e aparentemente irremovível contraste: o da convivência, em um mesmo território, de “dois Brasis” distintos. Um de riquezas concentradas nas regiões Sul e Sudeste. Outro, de pobreza distribuída principalmente entre o Norte e o Nordeste. Nesses dois “países”, apesar da retórica matreira das elites políticas e dos burocratas de plantão, as desigualdades atravessam o tempo e os governos. O estudo do IBGE, por exemplo, revela que no Brasil mais rico, representado por São Paulo, o ano começou para a indústria com um crescimento de 4,6% em janeiro, comparado com igual mês do ano passado.

O Estado mais desenvolvido, que responde por cerca de 40% da produção nacional, apresentou o seu sexto mês de desenvolvimento seguido. Um desempenho animador para os analistas, por ter a indústria paulista a característica de ser diversificada e, em grande parte, voltada para o mercado interno. Na outra ponta do País, exatamente a mais necessitada, o Nordeste, o ano não trouxe a mesma sorte em seu começo. Na Bahia, por exemplo, a produção industrial caiu 1,7%. O Estado não conseguiu escapar da lista onde figuram as unidades da Federação que vêm fechando seus balanços mensais com desempenho negativo, quase todas situadas em áreas do “Brasil pobre”. A exceção é o Ceará, que apresentou em janeiro expansão industrial de 1,4%, um índice positivo, embora abaixo da média do País. Sete das 12 regiões pesquisadas pelo IBGE também elevaram a produção industrial no primeiro mês de 2004. O maior destaque, outra vez, fica com a parte mais opulenta dos “dois Brasis”: o Rio Grande do Sul, onde a explosão dos agronegócios levou o Estado a uma expansão de 11,3%.

Na Bahia, segue no mesmo caminho injusto e inquietante a taxa do nível de desemprego, que sofreu uma queda de 2,2%, enquanto no resto do País a mesma taxa cresceu 0,2%. Diante disto, embora não sendo um cenário que induz ao desânimo, também não serve para nada as autoridades tentarem retocá-lo com cores claras e amenas, quando o máximo que se pode fazer é confiar no esperançoso indicativo de que o Estado está a um passo de retomar o crescimento da sua produção industrial. Afinal, mesmo negativo, o índice de janeiro já representou um freio no ritmo atemorizante de novembro do ano passado, quando a queda chegou a 20,5%. Mas é preciso ainda melhorar, e muito.

Fonte: A Tarde

 

 

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