Quem acha que o vestibular é massacrante e deveria ser extinto não está sozinho. Os próprios responsáveis pelos vestibulares da USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Unesp (Universidade Estadual Paulista), ouvidos pela Folha Online, defenderam o fim desse tipo de seleção.
Quem acha que o vestibular é massacrante e deveria ser extinto não está sozinho. Os próprios responsáveis pelos vestibulares da USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Unesp (Universidade Estadual Paulista), ouvidos pela Folha Online, defenderam o fim desse tipo de seleção.
Apesar da unanimidade –e até apoio do ministro Tarso Genro–, eles não vêem alternativa a curto prazo e acham que só um aumento significativo do número de vagas acabaria com o problema.
“O vestibular é um grande transtorno social, emocional e financeiro para o candidato”, admite o diretor acadêmico da Vunesp (da Unesp), Fernando Prado. “O ideal é que isso o vestibular não acontecesse”, concorda o coordenador da Fuvest (da USP), Roberto Costa.
Apesar de se mostrar contra esse tipo de seleção, Costa resume o que pensam os outros responsáveis pelo vestibular. “Não vejo uma outra forma até que a universidade consiga acolher todos os interessados.”
Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), houve 4.984.409 inscritos no vestibular para 1.773.087 vagas em todo o país em 2002 –último levantamento disponível.
Para o coordenador-executivo da Comvest (da Unicamp), Leandro Tessler, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que vem sendo usado por algumas instituições como seleção, não é uma boa alternativa. “Essa avaliação não selecionaria o perfil ideal de candidato para as universidades.”
O sistema adotado por algumas universidades americanas, segundo Tessler, poderia servir como modelo para o Brasil. “Em Harvard, um comitê analisa questões além da prova, que é parecida com o nosso Enem”, disse. “São levados em conta, por exemplo, a origem do aluno e o que ele já fez pela sociedade.”
Volume grande
Os coordenadores dos vestibulares também concordam que o volume de informação que o vestibulando recebe é muito grande. Eles divergem, porém, sobre a importância de tal aprendizado.
Tessler, da Unicamp, acha que todo o conhecimento é válido, independentemente da área escolhida pelo aluno. “Se você lê um livro, você já faz uso desse conhecimento na mesma hora, porque vira parte da sua formação”, afirmou. “Claro que é absurdo cobrar o nome do elemento 68 da tabela periódica. O importante é fazer o vestibulando pensar.”
Prado, da Unesp, afirmou que “nem todo conhecimento é utilizado, mas essa bagagem serve como pano de fundo, cultura geral”. Ele disse que as coisas seriam “menos traumáticas” caso o ensino médio formasse o aluno satisfatoriamente durante os três anos. “Coisa que a gente sabe que não acontece, principalmente no ensino público.”
Já Costa, da Fuvest, admite que o grosso da informação será utilizado apenas no momento da prova. “Dizem que se um aprovado prestar dois anos depois ele não passa. Isso é verdade”, afirmou. “O vestibular mede o conhecimento do momento. Entra quem tiver mérito.”
Sem perspectiva
O ministro Tarso Genro afirmou, quando tomou posse (no final de janeiro), que pensava em um modo de acabar com o vestibular a longo prazo. Porém, ainda não há um estudo específico sobre o assunto, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Educação.
Ainda de acordo com a assessoria, podem surgir idéias durante os debates sobre a reforma universitária.
Fonte: Folha Online