Os Filhos de Narciso no Século XXI (Celebridade)

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Tema Para Redação

Só se ouvia burburinho nas ruas, academias e nos corredores dos colégios a respeito da foto que sairia na revista Stylos “defasados” coma a participação de alguém codinominada de “Diabinha”.
Interpelado por uma aluna enquanto me dirigia a uma das salas de aula para ministrar conteúdo, eis que surge a pergunta tomada de entusiasmo pela jovem que me parara: “E ai professor já viu a foto da diabinha?” Eu, assustado com tamanha importância dada ao fato pela jovem, sem quere agredi-la, em tom suave e estupefato, respondi: “Não, ainda não”. Mas, convenhamos, na minha mente eu registrava “com certeza eu tenho assuntos mais importantes para me preocupar como os que caracterizam o conflito entre israelenses e palestinos, a sucessão presidencial e a crise na Argentina – processos sociais que de maneira direta interferem na nossa tomada de consciência enquanto seres humanos e cidadãos”.
Contudo, ao chegar a casa, algumas lembranças surgiram e me fizeram refletir sobre o causa esse tipo de frisson nas pessoas para verem um corpo nu: seria uma curiosidade da garota para averiguar se a lipoaspiração, da pseudomodelo em questão deu certo? Com certeza, esse é um detalhe.
O problema é que todos nos estamos marcados como gados no curral pelo estigma de vaidade; vaidades do corpo, de cabelo de nudez vulgarizada, atribuindo a ela característica de fotografia artística. Ah! Quantas desculpas encontramos para fazer valer a nossa futilidade. Se perguntarmos quais são as reais causas que caracterizam os pactos entre a Argentina e a possibilidade de auxilio do FMI, as garotas morenas-mutantes-louras não vão saber; se indagarmos o porquê da saída da Roseana Sarney do pleito presidencial, talvez não saibam… mas, se fizermos um questionamento direcionado às fotografias da Diabinha aí sim! Com detalhes positivos e degradantes, ouvi-lo-emos com a melhor descrição, fútil, porém, estupidamente detalhada.
Senhoras, senhores, temos que parar de imaginar a sociedade formada por mulheres que longe dos afazeres domésticos entregam-se à fartas libações de construção do corpo e da egosclerose que agora, de forma presente, caracteriza o sexo feminino. Em anexo ao crescimento das mulheres no mercado de trabalho, outras tantas deturpam liberdade dos direitos civis com falta de senso para estereotipar as vulgaridades sexuais. O que queremos ver? Talvez, agora, pelas poses gastas, teremos que inovar, observando a formatação do útero feminino, aspecto já exercitados pelas Sheilas, Carlas e Tiazinhas. Inconcete e desprezível conduta! Inocente, porque provém da ignorância, que, às vezes, é atrevida, como também desprezível, pois não valorizam a capacidade por méritos intelectivos, porém pelo delineamento e pela divisão do abdômen ou da largura do bumbum. Chega! Obviamente, não estamos condenando a garota, sempre educada, sorridente, lisonjeira. O problema está em como as pessoas encaram esse ripo de “trabalho” numa cidade, bonita, entretanto com pensamentos conservadores. Talvez, pobre Diabinha, esteja querendo se tornar imortal, a exemplo de mulheres ícones na sociedade sergipana como Ofenísia Freire, professora e primeira mulher a ocupar uma cadeira na Academia Sergipana de Letras, como Tânia Soares, deputada federal, Lígia Sales, 50 anos lecionando e em atividade total aos 70 anos, educando, Maria do Carmo Alves, senadora da Republica e Leonor Franco, ex-ministra da Ação Social, seguidas por Larissa Barata, ginasta que aos 15 anos representa do Estado de Sergipe.
Assim, está em jogo a velha Cultura da Mentira. Todos condenam, mas à frente dizem que ficou maravilhosa, que ela arrasou! Confiram as amigas venenosas e os companheiros afetados, que como a pseudo-Darlene permitem deixar expor a sexualidade com frescalhagem tanto a sensualidade com vulgaridade. Temos que reavaliar nossos valores para que outras garotas e garotos, mal assessorados, não tenham que passar pelo momento de exposição do corpo como se fosse um eletrodoméstico ou pior, carne de terceira exposta no mercado Albano Franco, sem iluminação e sem condições de higiene para depois, em fase adulta, poderem exigir da própria sociedade o respeito que sequer estes jovens cederem a si mesmos, quando foram motivados pelo narcisismo egocêntrico. Respeito se constrói com trabalho, com conduta, com postura profissional, com cérebro, e não com os cabelos tingidos de louro e poses erotizadas.
Não obstante, há quem leia o texto e diga “que exagero”, “que radical” e por aí segue: “vivam a Sodoma e Gomorra” e “viva ao ter em lugar do ser”.
Detalhe: a sociedade de estar se perguntando: “afinal, por que a Diabinha? Capeta pelos dotes intelectuais ou na cabeça dos mais imaginativos filos presentes neste pensamento sórdido, pelos dotes sexuais?
Quem tiver os neurônios desenvolvidos, que edifique as próprias análises.
A temática é importante, pois as pessoas tentam ser algo para os outros sem que tenham se preparado para tal. Trocam-se no país vários talentos pela presença de um metro e meio de bunda, ignorando as qualidades intelectuais das pessoas para julgá-las como importante diante de um mundo fútil, que trata do certo e do errado e reduz a importância do reconhecimento social a um rosto ou pernas bem definidas. Claro, que a beleza também tem seu lugar. É preciso estar bem por fora para sentir-se melhor por dentro. Mas não podemos enxergar este assunto como o centro das atividades humanas. Se há de se tornar celebridade, que o seja pela competência, principalmente de pensar.

 

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